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Do Carnaval à Pascoa decorrem 40 dias, como se sabe, e durante este período não se realizavam bailes na aldeia. É a Quaresma.Os menores de 15-16 anos, já espigadotes e que começam a pensar em namoriscar esta ou aquela moça, sentiam a falta do baile, o melhor local para irem deitando as suas vistas e fazerem as suas escolhas.
Mas, como também se sabe, o amor foi sempre engenhoso e os nossos antepassados não tinham falta de imaginação. Assim, inventaram um jogo, aparentemente simplório, que não bulia com o respeito à Igreja, mas que permitia aos jovens auscultar os sentimentos uns dos outros. Chamava-se o Raminho florido e foi praticado no Terrenho até ao principio dos anos 70. Daí para cá as coisas começaram a ficar mais facilitadas e lá se foi a tradição.
O jogo consistia no seguinte:
Aos domingos e dias Santos, depois de almoço, as raparigas adolescentes, ainda sem namorado, juntavam-se à tardinha, em lugar abrigado, ao sol e ai esperavam até os rapazes, com seus fatos domingueiros e ar janota, se irem juntando. Levados pela tradição, sem dúvida, mas sobretudo pelo grande desejo de falar com as raparigas. Os rapazes ficavam o observar ou entravam no jogo , encorajados pelos sorrisos das raparigas e logo que havia um numero suficiente elas iam fazer um raminho com as flores da época, ( sabugueiro, rosmaninho,mangerico.......)
O Jogo podia começar.
A moça do ramo passava-o, então, ao parceiro a seu lado, entoando a seguinte quadra:
Raminho,florido florado
Que manda o teu namorado(a)
E o outro(a) dizia
E encostava a boca ao ouvido do parceiro, segredando-lhe:
Que manda o teu namorado(a)
E o outro(a) dizia
O raminho bem lindo é, falta saber o amor quem é
E encostava a boca ao ouvido do parceiro, segredando-lhe:
“O teu namorado é F…", ou
“Para tua namorada dou-te F…", ou ainda
“Aquele (ou aquela) é teu namorado(a)”.
Novamente se cantava a quadra e se passava o raminho à moça seguinte e se dizia ao ouvido o nome dum rapaz e assim sucessivamente até se darem 3 voltas ao grupo, dando-lhe um namorado de cada vez.
Depois cada um dos participantes era convidado a dizer qual dos 3 nomes que lhes segredaram ao ouvido era preferido ou, com qual ficava.
“Para tua namorada dou-te F…", ou ainda
“Aquele (ou aquela) é teu namorado(a)”.
Novamente se cantava a quadra e se passava o raminho à moça seguinte e se dizia ao ouvido o nome dum rapaz e assim sucessivamente até se darem 3 voltas ao grupo, dando-lhe um namorado de cada vez.
Depois cada um dos participantes era convidado a dizer qual dos 3 nomes que lhes segredaram ao ouvido era preferido ou, com qual ficava.
A escolha era assim, o primeiro perguntava ao segundo.
Quem te veste ? Fulano, um dos três
Quem te Calça ? Fulano
Quem te leva para a cama ? Ela citava o nome e claro que era este o eleito
Feitas as confissões todos batiam as palmas e o Jogo terminava. E lá se iam os rapazes sonhando lindos sonhos ou desiludidos.
Esta simples brincadeira, foi concerteza veículo de muitos casamentos, pois constituía, de certa maneira, o primeiro passo a dar no caminho do Namoro.
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